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16 de jun. de 2020

Seis simples dicas sobre morar sozinho

Pois é, agora moro sozinho.

Já há bastante tempo, eu já almejava isso. Acho que faz parte da evolução de qualquer um "sair do ninho" e começar a viver por conta própria, se virando da forma que dá, e tomando para si diversas responsabilidades da gerência do lar. Claro, eu ainda tenho alguns confortos e vários vínculos que tornam a questão de morar solo mais fácil, mas ainda assim, a experiência é no mínimo diferente. E, também, claro, muitas pessoas assumem todas essas responsabilidades mesmo quando ainda estão em casa, então não quero passar uma ideia de "olha, como ele é foda, agora se achando". Não.

A questão aqui é só comentar um pouco sobre algo que fui aprendendo no processo. Umas dicas simples, talvez, sem grandes pretensões.

1. Você vai gastar grana por perder material


Entenda, "gastar grana" no título equivale também a desperdiçar material, o que equivale a indiretamente perder dinheiro. Infelizmente, só depois de um tempo razoável é que pude me adequar a quantidades e porções que são equivalentes pro meu dia a dia, e isso me fez perder, muitas vezes por bobeira e/ou desatenção, comida e material de limpeza. Não que isso exatamente possa ser catastrófico, já que acaba que precisa passar por isso a não ser que já tenha uma percepção prévia do quanto consumiria, mas pra mim, muitas vezes bateu até dó olhar a lata de lixo...  Só compre frutas e legumes se de fato for consumir nestes dias, senão vão estragar e você vai jogar dinheiro fora.

2. Você vai ficar com preguiça


Ou seja: vai haver dias que tudo é mais interessante do que limpar a casa ou cozinhar, e você vai fazer um ou outro da pior forma possível — ou nem fazer, empurrando para outro dia e usando qualquer desculpa esfarrapada pra justificar. Isso vai acontecer com uma incômoda frequência, mas não caia nessa. Torne o hábito de limpar a casa, organizar suas coisas e lavar pratos, panelas e talheres uma constante. A limpeza da casa, por exemplo, faça o mais rigorosamente possível em dado dia (aqui eu faço aos sábados) e cozinhe de antemão algumas coisas que já vai consumir a semana toda, como arroz e feijão. Visitas inesperadas também poderão aparecer, e você vai ficar com vergonha em apresentar uma casa suja ou não ter um rango decente pra servir pra pessoa. De novo: crie pequenos hábitos diários, cada vez arrumando uma coisa, e nada vai ficar acumulado.

3. É muito fácil comer mal


A partir do momento que você se torna o senhor da sua despensa, se não tomar cuidado, além de desperdiçar dinheiro com gulodices desnecessárias, ainda vai comer muito mal. Geralmente, comida de má qualidade ou pouco nutritiva é barata, fácil de fazer e saborosa (batata frita? Bife de hambúrguer? Chocolate? Cerveja?). A dica que eu dou é não deixar de comer aquilo que se gosta, mas também, sob hipótese alguma, deixar de comer comida de verdade. Eu tenho uma terrível preguiça em lavar verduras, mas eu sei que isso é vital, então acabei por acostumar a fazer isso e agora não acho (tão) ruim quanto antes. Cuide da sua saúde comendo bem e direito, e tente deixar as porcarias para um segundo momento — por exemplo, como uma recompensa por ter limpado bem a casa ou arrumado a bagunça espalhada.

4. Você vai gastar com coisas para casa que não vai usar


Na minha cabeça, vários utensílios teriam uma utilidade constante; na prática, muitos sequer ainda foram tocados, mesmo meses depois de já morar solo. Então, quando estiver vendo suas prioridades e equipar a casa, tente fazer uma lista detalhada e verificar efetivamente quais itens você realmente precisa para começar agora, e quais poderão ficar para depois.

5. Você vai esquecer de beber água


Sério. É mais comum do que se imagina. Assim como eu disse sobre a comida na dica #3, mantenha seu filtro sempre limpo e abastecido, e se você for um preguiçoso (como eu), arrume uma garrafa grande de água e leve-a para o cômodo onde você vai ficar. Dependendo da capacidade de armazenamento da garrafa, tente bebê-la uma, por turno. Seu corpo em geral agradece, e seus rins, mais ainda — não queira sentir a dor de uma pedra nos rins, acredite.

6. A comida vai estragar


Duas dicas em uma: a primeira é que evite comprar as coisas em excesso; se for o caso, compre alguns itens a mais, mas de preferência, aqueles que terão menor saída não precisa de um estoque dele. Segundo, mantenha um registro ou anotações ou verifique com regularidade suas compras; sugiro fortemente ler sobre congelar para conservar alimentos.


***
Ah, eu não escrevo neste blog desde 2017. Sinceramente, nem sei o motivo pelo qual cismei de voltar aqui e fazer esse texto, sem me preocupar muito com revisão ou formalidades. Não sei exatamente se vou continuar escrevendo, mas, de qualquer forma, quem quiser acompanhar, deixar o feedback e mais dicas aí nos comentários. Bora ajudar os marinheiros de primeira viagem na aventura de morar sozinhos!

28 de abr. de 2017

A vida definitivamente imita a arte

Qualquer semelhança com o momento atual é mera coincidência.

Por mais formigas que não se calam nem se aquietam!


14 de abr. de 2017

[Review] Kimi No Na Wa (Your Name)

** Atenção: o texto a seguir pode conter alguns spoilers **


A lenda do fio vermelho (Akai Ito) é de origem chinesa, onde diz que o Deus, encarregado desse fio, invisível para os humanos, amarram nos tornozelos dos homens e mulheres esse fio logo quando nascem. Segundo a lenda, as pessoas conectadas são suas "almas gêmeas" uma da outra, sendo assim, estão destinadas a passarem o resto de suas vidas uma com as outras, não importa o que aconteça. Também segundo a crença, quanto mais longe e mais nós esse fio tiver, mais as pessoas conectadas a ele estão tendo problemas e estão tristes, e quanto mais curto, mais felizes elas estão. (Fonte)
Desde o fim do ano passado eu escutei muito murmurinho sobre esta animação. Volta e meia aparecia algo sobre ela no meu Facebook, e então, aproveitando o feriado, chutei o balde e resolvi separar algumas horas para assisti-la. E não poderia ter sido mais feliz nesta decisão!

Your Name traz uma animação impecável, enredo simples mas com várias nuances e fatos surpreendentes e personagens muito cativantes. Mesmo o elemento sobrenatural presente na obra é sutil e explica de forma até supérflua, o que definitivamente não achei ruim, embora dê pano-pra-manga para talvez uma outra animação. O trabalho de Makoto Shinkai é um feliz presente em uma época que tenho visto roteiros e animações relativamente fracas, e me surpreende muito o filme sequer ter sido indicado ao Oscar já que tem tido uma aceitação absurda (foi o filme mais visto na semana de estréia no Japão).

Basicamente, o enredo gira em torno de dois jovens, que misteriosamente trocam de corpos durante a aproximação de um cometa próximo da Terra, algo que acontece só de mil em mil anos. A garota, Mitsuha Miyamizu, mora com a avó e a irmã em uma cidade minúscula e rural no Japão, tem um pai distante e sonha em ir para Tóquio. Já o rapaz, Taki Tachibana, é relativamente popular, pró ativo e trabalha em um restaurante italiano, onde também atua uma colega de trabalho cuja qual ele nutre um sentimento amoroso.

Preste atenção nas cenas do choro sem aparente razão dos personagens,
Quando percebem que há algo acontecendo e se dão conta que de fato um está no corpo do outro em dias alternados, decidem então deixar dicas entre para que saibam o que aconteceu quando eles interagem com amigos e parentes, que notam as diferenças quando trocaram de físico. A animação possui cenas engraçadas por conta disso, e ao contrário da corrente ocidental tradicional em querer jogar para o expectador rapidamente a trama e ação, a obra é bela justamente por dedicar boa parte do tempo mostrando cenários e particularidades que imergem a quem assiste no contexto. Aliás, este tipo de ação, de não ter relativa pressa e focar no ambiente em volta da história, é uma característica consagrada japonesa.



O filme é muito bonito em demonstrar as relações entre os personagens e o drama envolvido, principalmente na segunda metade. Fiquei muito surpreso com o rumo cujo qual as coisas foram tomando, coisa que só havia sentido já há bastante tempo, quando joguei e zerei To The Moon (se você gosta de RPG's, jogue. Se não gosta, jogue também! Quatro ou cinco horas são suficientes para terminar e aproveitar este sensacional game).

A trilha sonora é sensacional, combinando perfeitamente com cada parte do filme. A animação é impecável (embora eu tenha visto uma versão alternativa, que claramente mostra alguns defeitos), muito bonita e colorida (sem exageros), e os cenários... Ah, os cenários! É cada um melhor que o outro, uma verdadeira pintura principalmente nas partes rurais (mas Tóquio também ficou muito bem representada).


Eu não vou me prolongar demais, senão certamente eu já começo a falar coisa que não devo. Mas mesmo se você não seja lá fã de anime, assista, recomendo. É um filme muito bonito, muito humano até, inocente talvez, mas uma premissa totalmente original bem-vinda, ainda mais em tempos onde o mundo anda tão maluco e violento (naturalmente não vai ser este filme que vai mudar o destino de ninguém, mas não deixa de ser um respiro positivo no meio de tanta coisa.

Deixo a seguir umas artworks da animação:







7 de abr. de 2017

A Culpa

Nesta semana, passei por três situações "corriqueiras" (no sentido que elas se repetem diariamente):
  1. Durante uma reunião de negócios, um amigo meu disse que dentre várias coisas, o "feminismo é responsável por deixar o mundo meio do jeito que tá aí: confuso, quebrado e cheio de confusão";
  2. Recebi via WhatsApp um vazamento de uma moça, muito bela por sinal. Junto, vinha o post que ela fez na página pessoal do Facebook dela justificando o ato, além de vários outros dados pessoais;
  3. Durante uma aula na faculdade, um professor foi infeliz em dizer que "as mulheres têm culpa em certos comportamentos machistas se perpetuarem dentro de casa" (ok, isso não é lá tão mentira assim, mas o problema é que o enfoque e o tom de culpa introjetada dele foi um prato cheio para qualquer um que deseje qualquer coisa para atacar o feminismo).
De todos estes pontos, só ficou uma certeza:
Em todas elas, eu foi um covarde e me calei. Em nenhum momento eu retruquei, questionei, indaguei, porra nenhuma.
E enquanto isso, nesta mesma semana, uma idosa de 73 anos foi estuprada, um ator global se envolve em uma polêmica de assédio (e gera comentários terríveis de outros atores que tentam "minimizar" o ato) e um famoso cantor também foi pego por câmeras de vigilância mostrando que agrediu a mulher.

Independentemente do grau, fica claro uma coisa:
Meu silêncio mata, agride e lesa tanto quanto aquele que executa na prática.

***

Texto recomendado: toda relação homem-mulher é assimétrica.

11 de nov. de 2016

Olha o RPG!

Quem me conhece sabe da importância que o RPG de mesa tem na minha vida. Fiz (e consolidei) muitas amizades dentro da mesa de jogo, e hoje basicamente o jogo não serve só para contar histórias, mas também uma oportunidade de ver alguns amigos e manter contato semanalmente.

Eu não conseguiria definir melhor a sensação do que é jogar RPG do o vídeo a seguir. Identifiquei muito daquilo que me fez cativar por esse estilo exótico de imaginar e contar histórias nele. Vejam!

4 de nov. de 2016

Guerreiros

Todo dia cedo, quando estou indo para o trabalho, um cidadão me vê perto da rodoviária por onde eu passo e me dá um bom dia.

"Bom dia guerreiro!". É o que ele sempre me diz.

Ele é uma pessoa humilde, vive na rua, creio eu. Já o vi várias vezes na região desta rodoviária, ou perto do coreto, deitado em papelões e coberto por uma manta fina. Ele trabalha lavando carros, ajudando alguns taxistas daquele ponto, em troca de alguns trocados ou comida.

Uma vez me disseram que ele usa drogas (já o vi em estado alterado algumas vezes), e tem uma ferida feia na perna. Vive pedindo ajuda para poder pagar a troca do curativo desse machucado.

Não pede esmola. Pede ajuda.

Se ele realmente usa o dinheiro para esse fim, não posso dizer que sim. Mas posso dizer com certeza que não sou guerreiro assim. Não é questão de comparação pura e simplesmente: não é simplesmente aceitar que esse rapaz e eu vivemos em realidades distintas.



"Guerreiro".

Quem dera eu ser um guerreiro. Falta-me muita coisa para sequer começar a trilhar o caminho do combatente moderno, para conseguir enfrentar o monstro da realidade cotidiana.

Mas pelo menos, tenho sobrevivido a uma batalha por dia. Por trinta anos, praticamente.

Hora então de buscar uma transição do campo de combate. Mudança de tática.

Boa noite, guerreiros.

21 de out. de 2016

Dicionário (im)Pessoal #5

Noção | s. f.

no·ção

Substantivo feminino
1. Ideia que se tem de uma coisa.
2. Conhecimento, notícia.
3. Conhecimento elementar.
4. Exposição sumária.

Fonte

Definições do Dicionário (im)Pessoal:
1. Saber que mexer com uma mulher na rua, especialmente com uma garota de 14 anos, não é algo legal (sim, eu vi isso hoje: um rapaz que trabalhava em uma obra começou a assoviar para a menina voltando da escola, que tinha mais ou menos essa idade, e chamando-a pra entrar na construção com ele; ele me viu e ficou fazendo cara feia pra mim, mas eu fiquei encarando o cidadão e ele se retirou);
2. Saber onde seu direito termina e onde começa o do outro;
3. Entender que a zoeira não tem limite, mas tem hora, e pode ser uma excelente ferramenta de socialização em muitos casos;
4. Assumir nem que seja minimamente suas responsabilidades, deveres e falhas.

***
O Dicionário (im)Pessoal são conceitos de palavras corriqueiras mas que, ao contrário do livro tradicional, foge à regra por permitir interpretações diferentes por cada um que leia aquele termo. Fica a pergunta: o que a palavra da vez lhe traz de experiências, memórias ou sensações? Comente!